Pulando o Carnaval em um vulcão ativo

No Carnaval de 2019 decidimos fugir do calor e do Carnaval e fomos conhecer um destino não tão divulgado e conhecido por aqui. E valeu MUITO a pena!

Localizada a cerca de 780km ao sul de Santiago, alguns quilômetros ao norte do início da Patagônia chilena, encontra-se Pucon, uma cidade balneário, de aproximadamente 30.000 habitantes, banhada pelo lago Villarica e às sombras do vulcão de mesmo nome, a grande atração da cidade. A cidade é um charme, com boas opções de hospedagem e restaurantes, e paisagens naturais abundantes.

Chegar a Pucon não é tão simples. Fizemos um voo de São Paulo a Santiago e outro voo de Santiago a Temuco. De Temuco pegamos um transfer que nos levou em uma van por 1:30 até o hotel em Pucon.

Antes do check in passamos pela agência de viagem, Patagonia Experience, para confirmar os passeios e horários.

P.s. segundo o instagram da empresa, desde 2022, eles estão temporariamente fechados.

Depois de muitas horas de viagem, não tinha como não relaxar as pernas observando o desafio do dia seguinte.

O Vulcão Villarica (ou Ruca Pillañ na língua Mapuche, que significa “casa do demônio”) tem sua cratera a 2.847 metros de altitude, a cidade de Villarica está a 227m acima do nível do mar. É um dos vulcões mais ativos do mundo, com 59 registros de erupção, a última em 2015.

As 6 horas da manhã, do sábado de carnaval, estávamos em frente à agência para separar os equipamentos, lanches e dar início ao passeio.

Após uma hora de van chegamos a base do vulcão, a 1441m de altitude.

Nesse ponto é possível escolher entre subir caminhando desde já ou pegar o teleférico (pago a parte) para subir os primeiros 500m. Optamos por ir andando por cerca de uma hora, em terreno tipo ripio, cheio de pedregulhos.

Após alguns minutos de descanso, subimos mais 1,5 hora até a pinguinera, ou seja, onde começaria a caminhada em gelo!

Pela primeira vez tivemos a oportunidade de usar crampons ( aquele solado de ferro para botas) e piolets (a picareta para escalada em gelo). Tivemos uma breve aula de como usar o piolet para frear em caso de cair e descer escorregando, e começamos uma caminhada em um zigue-zague sem fim rumo ao cume.

Cinco horas depois do inicio da caminhada, chegamos ao cume do vulcão Villarica, em um dia claro e de sol. O cheiro de enxofre lá em cima é bem intenso,  por isso utilizamos máscaras durante todo o tempo na cratera. Ninguém me respondeu sinceramente se faz mal ficar sem máscara lá em cima, mas na dúvida obedeci.

Não sei dizer se é mais bonito o visual dos lagos abaixo ou se o interior da cratera esfumaçante.

Muitas fotos e um bom lanche depois, não imaginávamos que podia ficar melhor ainda.

Tudo o que subimos nas 4 horas anteriores é descido por um tobogã improvisado, em uma espécie de “esqui bunda”, usando o piolet como freio, em 30 minutos.  Sensacional.

De volta a Pucon, paramos na agência para devolver o material e fomos recebidos com uns petiscos, uma cerveja gelada e um bate papo multicultural.

Os jantares são sempre na rua (Calle) Fresia, uma rua super charmosa, com mesas nas calçadas e aquecedores a gás, com restaurantes e bares para todos os gostos e bolsos.

Para o segundo dia, com as pernas doloridas, nada melhor que uma estação de águas termais para relaxar.

A cerca de 90 km da cidade, bem nas costas do Vulcão Villarica, encontram-se as Termas Geometricas. Uma estrutura rústica, criada pelo arquiteto German del Sol, com diversas piscinas de pedra, localizadas em um vale aos pés do vulcão e cortadas por uma passarela vermelha de madeira de 450m.

Cada piscina tem uma temperatura mostrada em uma placa em sua entrada, e são temperadas misturando a água quente vinda do vulcão com as águas frias do degelo. O bacana é fazer um choque térmico entre uma piscina bem quente e uma bem gelada. Lá em cima, no final da passarela tem uma cachoeira, que rende boas fotos.

A estrutura de restaurante e vestiários é bem simples, mas o conceito e a beleza de como doi construída vale demais o passeio.

O terceiro e último dia foi deixado como dia coringa com duas opções. Fazer o vulcão, caso o clima da região não tivesse permitido a ascensão no primeiro dia ou fazer uma trilha pelo Parque Nacional Huerquehue, localizado a 35km a norte do centro.

É possível ir de ônibus, mas optamos por ir de transfer contratado com a agência.

A trilha mais famosa é a “Los Lagos”, com cerca de 12Km de caminhada e 600m de elevação. O parque possui belas paisagens e os lagos lá no alto merecem alguns minutos de contemplação e fotos.

Após o retorno e almoço, era hora de caminhar pelo centrinho da cidade, na avenida Libertador  Bernardo O’Higgins, com suas lojinhas e cafés e terminar o dia na praia lacustre da cidade. Por ser um terreno vulcânico, a areia é bem escura e grossa. Pena que estava frio.

Pela manhã o programa foi encarar a longa volta pra casa, com a sensação de ter sido um dos melhores carnavais de nossas vidas.

Para que tem mais tempo, há outras termas mais “comuns” pra visitar, como Coñaripe e Menetúe,  um parque cheio de quedas d’água e lagos cristalinos (Ojos de Caburga) e a Cachoeira pertinho da cidade com 92m de altura, chamada Salto el Claro.

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Foto de BLOG VIAGEMLOGIA

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