O Sul do Chile é uma região que me encanta muito, por suas belezas naturais, pela educação do povo local e pela comida baseada em carnes e pescados. Sim, e vinho, destaque para os Carmenere, uva que se adaptou muito bem no Chile e produz excelentes vinhos.
Dessa vez a ideia foi dar uma escapada de alguns dias para conhecer Puerto Varas e subir ao cume do vulcão Osorno.
A chegada se faz por um voo de 1:40 de Santiago a Puerto Mont, capital da região dos lagos e a cidade partida pra quem vai dirigir, caminhar ou pedalar pela famosa Carretera Austral, estrada de mais de mil quilômetros, 1/3 dela apenas está asfaltada, e que vai até o extremo sul do Chile. É a Rota 66 da América do Sul.
Do aeroporto de Puerto Montt pegamos um transfer de aproximadamente meia hora e já estávamos no Hotel Cumbres, um importante edifício sobre o lago na região central de Puerto Varas.
Para quem chega tarde da noite, a melhor dica é o bar/restaurante Quintal. A cozinha fica aberta até as 2:00 da manhã, com ótimas opções de cerveja, pizza e pratos com carnes e peixes. Estava chovendo.
A cidade de Puerto Varas foi colonizada por alemães, após um projeto de imigração do governo Chileno para povoar e desenvolver a região. Nota-se diversas casas ao estilo enxaimel, típico da arquitetura alemã.
Sua principal paisagem é o lindíssimo lago Llanquihue, o maior lago em território exclusivamente chileno (800km/2) e o espetacular Vulcão Osorno ao fundo, com seu formato piramidal e 2600m de altura.
O problema é que o vulcão não é visto em dias nublados e com chuva. E Puerto Varas tem 10 meses de chuva por ano. Aqui, a vida flui normalmente com a chuva. As crianças brincam no parquinho, as pessoas andam nas ruas sem guarda chuva e os passeios turísticos ocorrem normalmente.
Diz-se que em Puerto Varas: “se não está chovendo, é porque logo vai chover”. Mas no verão há luz solar das 6:00 as 21:30.
Guardas chuva a postos e saímos para caminhar pelo calçadão da Avenida Costanera uma calçada a beira lago, muito bacana. Há diversas lojas de artigos de montanha no centrinho, próximo a Plaza de Armas, assim como cafés e sorveteria e o imponente Cassino.
Na extremidade norte da Orla, está o Mirante La Puntilla.
O destaque de La Puntilla é a Escultura da Princesa Licarayen. A escultura vazada em ferro de uma mulher com os braços estendidos representa a lenda Mapuche de criação dos vulcões Osorno e Calbuco.
Durante a tarde recebo a mensagem do guia que eu havia feito contato para subir o vulcão de que não seria possível subir ao cume devido às condições do clima e vento. De início ficamos bastante frustrados, mas após conversar com alguns locais acabei me sentindo aliviado. O que era pra ser uma trilha, na verdade seria quase uma escalada em gelo, com equipamentos e alguns trechos técnicos. Isso explica os poucos relatos na internet sobre a subida ao cume e raras opções de agência que fazem a subida. E ainda estava chovendo.
Passada a frustração, contatei uma empresa indicada pelo hotel, a Southern Ex Chile, e programamos os dois dias seguintes. Decisão acertada.
No segundo dia saímos para o trekking no Parque Nacional Alerce Andino que forma parte da Reserva da Biósfera de Bosques Temperados Chuvosos dos Andes Austrais.
Alerce se refere a uma árvore milenar, de tronco largo e muito alta, parente distante das sequóias americanas.
No caminho, pegamos muita chuva com granizo e tivemos que cortar uma árvore que caiu e fechou a passagem. O famoso Perrengue Chique.
No fim foi um passeio tranquilo de 8km ida e volta em quase 3 horas. Observando diversas especies de arvores locais e o belo rio a direita. O ponto alto foi a cachoeira na parte mais alta, que por estar com a vazão acima da média estava muito bonita.
Há uma trilha mais longa e com altimetria maior, que vai até a Laguna Triângulo. Mas estava fechada devido a queda de uma ponte, decorrente das chuvas.
Para o terceiro dia, com previsão de melhor clima, deixamos o passeio clássico de Puerto Varas. Saltos de Petrohué, Lago de Todos os Santos e o Vulcão.
A primera parada foi no Parque Nacional Vicente Peres Rozales, o parque nacional mais antigo do Chile. Em Saltos de Petrohué, o escoamento das águas do Lago de Todos os Santos forma o correntoso Rio Petruhué, que com sua cor verde esmeralda, desce por cascatas e rochas vulcânicas, produzindo belas paisagens que podem ser admiradas sobre passarelas dispostas ao longo do rio. Se o vulcão estiver visível ao fundo deve ser mais lindo ainda. Mas ele não havia dado as caras até aquele momento.
Por esse motivo acabamos desistindo da navegação pelo lago de Todos os Santos, e subimos aproximadamente 1000m até a estação de esqui na base do Vulcão Osorno, que funciona no inverno.
Fizemos algumas caminhadas para fotos, conseguimos avistar o vulcão por alguns minutos, mas não animamos de subir com os teleféricos até 2000m de altitude. Já estava muito frio e deu pra constatar que não teria sido a melhor ideia tentar subir ao cume sem uma preparação e roupas mais adequadas.
A tarde, com céu aberto e poucas nuvens sobre o vulcão, fomo conhecer a Famosa Frutillar, um vilarejo 30Km ao norte de Puerto Veras, a beira do mesmo lago e com vista frontal ao Osorno. Destaque para o belo teatro construído sobre o lago, que merecia assistir alguma peça ou evento.
No mais, achamos Puerto Varas muito mais charmosa e preparada para receber os turistas.
E para encerrar a viagem, fomos presenteados com um por do sol lindo, com céu aberto e os vulcões Osorno e Cabulco totalmente descobertos.
Com certeza vale a visita!