O Cartão Postal e a Cidade Mais Legal do País

Quinto dia.

Apenas 160 km de estrada separavam meu check-out do próximo check-in. Deixei o Hotel Sonop perto das 15:00. Poucos quilômetros depois, a estrada D707 encontra a C27, mais larga e rápida. Daí, a viagem seguiu tranquila.

Já no hotel, antes mesmo de descermos as malas, apreciamos, junto ao deck da piscina, mais um espetacular pôr-do-sol.

Fomos recebidos pela figura mais icônica da viagem, um cosplay de Bob Marley. Que cara engraçado, puxa vida. Fez piadas em todas as oportunidades que nos falamos e ajudou muito com um problema que tive com o carro. Ele ilustra bem o clima que permeou toda a viagem: de alto astral.

A partir desse dia passei a ter um problema com o carro que durou o resto da viagem: as portas traseiras emperravam e não abriam mais por fora – por causa da poeira nas engrenagens, imagino. Tinha que fazer todo um malabarismo por dentro do carro para abri-las e, por vezes, eram teimosas. A poeira também havia se instalado de forma permanente nas malas e em todas as outras coisas.

Desert Hills Lodge

O hotel Desert Hills Lodge (R$ 1900,00) manteve a sequência de hotéis que continuavam sendo marcantes pelo seus pores-do-sol e atendimento. As refeições estavam inclusas e pedi carne de caça novamente.

Foi o primeiro hotel movimentado em que estivemos. Mencionamos que estávamos em lua-de-mel, o rastafári fez uma piada sobre a noite de núpcias, rimos muito. E disse que faria algo especial pra nós.

De fato, na noite seguinte, nos colocaram no mezanino para jantar, a sós. Enfeitaram a mesa com luzes e providenciaram flores artificiais, na falta de plantas no deserto. Nos ofereceram um champanhe – por conta da casa – e uma funcionária especialmente para nos atender. A partir daí a Mariana passou a mostrar as fotos do casamento e do cachorro dela pra todo mundo pelo resto da viagem. Fez várias amigas de Instagram no processo.

A região de Sossusvlei é a mais turística do país e com a hotelaria mais cara também.

Sossusvlei

Sossusvlei é o cartão postal da Namíbia. Basta digitar “fotos Namíbia” no Google e 8 entre 10 serão de lá. Ainda sim, foi um dos pontos mais enroscados para montar o roteiro. As informações que encontrei ora eram vagas, ora não resolviam minhas dúvidas. Vou complementar a falta de informação preenchendo as lacunas do que eu gostaria de ter lido.

A cidade mais próxima e referência para a visita ao parque é Sesriem. Os blogs nos induzem a preferir os dois hotéis luxuosos ou os dois acampamentos que ficam dentro do parque. O acesso mais cedo ao parque permite apreciar o nascer-do-sol nas dunas e permanecer nelas até mais tarde. Contudo, os hotéis são muito caros e, os acampamentos, muito básicos. Existem cabanas disponíveis com as camas sendo finos colchões montados em caixas de madeira num chão de areia.

Não é necessário doar o rim por uma experiência mais exclusiva. Fazer como a imensa maioria dos turistas faz será igualmente proveitoso.  Esta região é a com mais opções de hotelaria no país – o que não significa que estejam próximos uns dos outros. Existem hotéis que ficam no caminho para o parque, que ficam depois dele e que ficam em estradas transversais. Basta traçar um círculo e escolher qualquer hotel que agrade num raio de 30 km, 40 km. Será preciso acordar bem cedo independente da distância. Todos os hóspedes da região farão o mesmo e haverá bastante movimento na estrada.

Portanto, esse ou qualquer outro hotel que houvesse escolhido, ofereceriam exatamente a mesma experiência em relação à visitação do parque. O hotel recomendou sairmos por volta das 4 hs da manhã. Pacotes com café da manhã estavam disponíveis pra retirada na recepção. Estávamos a 30 km, uns 25 minutos, do portão de entrada. A pista é asfaltada.

Sossusvlei é um parque enorme, perde-se um bom tempo com deslocamento e, apesar de haver vários pontos de parada, os turistas (e os blogs) focam sempre nos mais famosos: a Duna 45 e o Deadvlei.

O parque abre às 7 hs da manhã e é imprescindível que se esteja na fila quando os portões abrirem. Ela se forma de madrugada e fica bem longa. Passei pelo menos uma hora aguardando. Um funcionário passa colhendo informações dos veículos e antecipando as entradas.

Entre o portão e o estacionamento para o Deadvlei existe um trecho de estrada que leva perto de 40 minutos. Chega-se a um estacionamento de onde parte um trator puxando um carrinho para levar os turistas através de um trecho de areia fofa. Esse foi o único lugar no país em que eu podia ter testado minha habilidade num 4×4, mas, arreguei. Paguei o trator – que foi bem caro por meros 15 minutos – uma chacoalhação de travar a coluna e uma espera longa para voltar depois. Devia ter metido a marcha lenta e ido eu mesmo dirigindo.

No trajeto até o Deadvlei, você vai passar por dunas com placas e estacionamentos em frente, entre elas, a Duna 45, uma das maiores (e a mais famosa) do mundo. É nela que os turistas sobem de madrugada para ver o nascer-do-sol quando se hospedam no parque. Note que serão 380 metros de subida em areia fofa no escuro. Deixei para vê-la na volta, tirei fotos aos seus pés. Ou você escala essa ou explora mais as dunas em torno do Deadvlei. Os dois, não dá.

O Deadvlei é um cenário espetacular, um lago seco, cercado de areia, com árvores de 900 anos petrificadas pela completa ausência de humidade. Realmente muito fotogênico. Pode-se subir pelas dunas ao redor e avistá-lo lá de cima – o que eu apreciei muito – ou ir pelo plano e chegar ao vale de areia branca e árvores petrificadas, aos pés das dunas.

Esse lugar tem uma pegadinha: o sol. A visitação no momento da abertura dos portões não é procurada pra se pegar o parque mais vazio – mesmo no pico do movimento, minhas fotos nunca tiveram interferências de turistas – o problema é o sol. Após algumas horas subindo em areia, indo de um lado pro outro, se deslocando pra olhar por outros ângulos, o sol começa a se tornar sufocante. É muito difícil passar pelo horário de sol a pino e continuar com disposição ao longo da tarde. O ambiente seco mina as suas forças, não há hidratação suficiente que chegue. Eu mesmo, que sou inimigo do fim, conclui em certo momento que estava satisfeito e preferi ir embora. Era por volta de 1 hs da tarde. Cruzei com turistas chegando nesse horário, de chinelos, regatas, brancos feito parede e crianças no cangote. Sem noção.

Menção especial aos franceses, que se já provaram serem as famílias mais sem noção que já vi no mundo. Não importa a montanha, a floresta, a neve mais fora de mão que você alcançar, lá estará uma jovem família francesa carregando suas crianças das formas mais variadas.

Num clima extremamente seco, sol escaldante, longe de qualquer tipo de estrutura de apoio, e uma família lá, com duas crianças e um bebê de colo. Em certo momento a mãe sentou-se no alto de uma duna para amamentá-lo. Dois dias depois cruzei com eles em Swakopmund, nenhum faltando, felizmente.

Deadvlei é um lugar pra se tirar fotos únicas no mundo. O contraste das cores do chão, das dunas, dos troncos e do céu impressiona mesmo. Além dos turistas aleatórios que surgem nesses picos. Loira num vestido vermelho gigante que podia ser a filmagem de um clipe de música, mas que era só uma influencer que depois você encontra entrando toda esbaforida e suada num banheiro público, tentando carregar o vestido junto. Ou uma dançarina de Tik-tok trocando de looks atrás de uma toalha pra fazer poses de yoga.

É muito recomendável que se retorne para o hotel neste dia pra curtir o fim de tarde, entrar na piscina, descansar. Na manhã seguinte, carregamos o carro, me despedi do rasta e partimos para a cidade mais legal da Namíbia.

Solitaire

O início do sétimo dia de viagem teria como destino a cidade de Swakopmund, onde faríamos uma pausa e ficaríamos por 3 noites.

Foi uma perna de 350 km pra ser percorrido em cerca de 5 hs. No caminho, uma parada famosa: a cidade de Solitaire – que de solitária não tem nada.

Solitaire fica num entroncamento de estradas, é um ponto de apoio para quem está indo da capital pro litoral ou para Sossusvlei. Deve ser a parada mais famosa do país. Tem padaria, camping, pousada, borracharia…e a famosa torta de maçã. Escrevem tanto sobre essa torta que eu saí daqui já sonhando em experimentá-la. A confeitaria familiar foi fundada a décadas e é cheia de quadros do proprietário, dono da receita exclusiva.

Na frente tem um cenário com carcaças de carros antigos no estilo daqueles dinossauros ou aviões que colocam nas paradas de estrada aqui no Brasil.

Eu tinha um interesse especial também porque li um livro chamado “No Reino das Girafas” de uma escritora brasileira que conta a viagem dela pela Namíbia em forma de romance. A cena final do livro, entre ela e o namorado, se passa nas mesinhas ali do pátio, comendo essa torta.

Eu não manjo de torta alemã, sei dizer que ela tem uma massa semelhante a um biscoito e um farto recheio de maçã. O pedaço é grande e foi o bastante pra mim, não precisei experimentar um segundo. Levei mais de outras coisas da confeitaria pra comer na estrada.

Chegamos por volta do almoço em Walvis Bay. A pista aí, toda asfaltada. É uma cidade portuária, com um píer onde ficam as empresas de turismo e de onde saem os passeios.

Foi onde achei a primeira loja de souvenirs do país, finalmente, aquele gostinho de turismo de massa com quinquilharias pra agradar minhas prateleiras.

Almoçamos ali e visitamos as empresas de passeios pra nos informar e agendar os que já eram planejados. Swakopmund fica a 20 minutos dali, numa estrada permeada por dunas.

 Swakopmund

Imagine uma cidade de veraneio litorânea, alemã, na África. Essa a combinação improvável a define. Uma cidade bonitinha, perfeitinha, bem cuidada, com gramados, flores, construções alemãs… com surfe, esportes, sol e uma pegada africana. Ficamos tão, mas tão encantados com essa cidade que saiu uma promessa de, em minha aposentadoria, retornarmos pra morar ali alguns meses. Tal qual Amyr Klink faria.

A cidade tem um centrinho comercial muito bacana, cheio de lojas de arte, livrarias e decoração. Tem os cafés mais bem decorados que visitamos no país. A beira-mar é linda. Restaurantes de frutos do mar com preços irrisórios. O shopping é cheio de lojas de marcas e franquias que nunca ouvimos falar. Quadras de tênis, apresentação de grupos musicais, mercados turísticos… Pessoas praticando esportes, foodtrucks e um clima de férias muito agradável.

Num dos restaurantes que fomos, especializado em frutos do mar, pedimos tudo que deu vontade e a conta deve ter ficado em torno de R$ 90,00 para nós dois. A atendente até se emocionou com a gorjeta (que deve ter sido 1/3 desse valor) – foi a maior que ela havia recebido em sua semana de trabalho. A Mariana mostrou, então, sua foto de casamento e ficaram amigas. No restaurante mais famoso da cidade, que precisa de reserva – conseguimos uma mesa por acaso – a conta mais cara da viagem: R$ 245,00. Em outro lugar comemos pizza de Springbok, torta de Orix e doces de todo tipo. Também me empanturrei de biltongs, que é uma iguaria que vendem em tudo que é lugar, uma espécie lascas de carne seca de bichos variados pra se comer com cerveja.

Nosso hotel, At The Sea Boutique Guesthouse (R$ 950,00), era uma construção atraente quartos de frente para o mar, janelas enormes, com uma temática de navio, piscina e gramado pra tomar sol, com um café da manhã bem bacana.

Comentei que é uma cidade pra se voltar um dia, tamanha a boa impressão que causou. Contudo, não me passou despercebida a quantidade de seguranças particulares nos estabelecimentos. Em nosso hotel, os carros ficavam na rua, nas vagas do recuo. Havia um quartinho ao lado para um guarda que passava a noite ali. Nos restaurantes, seguranças nos estacionamentos e serviços de leva-e-trás. Nas lojas, idem. Das duas uma: ou existe uma hipersensibilidade européia pra distúrbios ali e a sua origem alemã não permite margem pra que nada aconteça, ou, a cidade é mais violenta do que suponho.

Programação turística

Existem duas razões pra se visitar Swakopmund: a primeira é pela Skeleton Coast. Uma imensa costa onde o deserto encontra o mar, com dunas imensas, o deserto mais antigo do mundo e as ondas aos pés delas. Ali encontram-se dezenas de naufrágios com os esqueletos das embarcações compondo o cenário. Inclusive embarcações na areia, como é o caso da que virou cenário de um episódio da série Fallout. A costa também foi usada para as filmagens de Mad Max Fury Road.

A outra são os passeios pra ver santuários de Flamingos, conhecer a lindíssima Sandwich Harbour (a jóia dos passeios), navegar pela região, visitar uma colônia enorme de leões marinhos e, nossa grande expectativa (graças a um vídeo no Youtube), passear de caiaque com uma colônia de focas.

Entre Walvis Bay e Swakopmund, ao longo da estrada também existem lugares que oferecem passeios de quadricículos pelas dunas.

A Skeleton Coast não é um local a ser visitado, mas, sim, uma região imensa. Não há estradas. Pode-se dirigir até uma colônia de leões marinhos que fica à 1 hora ao norte e avistar alguns naufrágios. Mais longe do que isso, somente por expedições de 2, 3 dias ou vôos paronâmicos a 2 mil reais por pessoa. Por outro lado, Sandwich Harbour é o passeio mais conhecido e é mais cênico do que a própria costa dos esqueletos.

No momento de agendamento dos passeios em Walvis Bay não havia vagas para os passeios separados em dias alternados. Fechei a solução oferecida pela empresa que incluía o caiaque, Sandwich Harbour e um almoço no deserto. Relutei muito em aceitar a oferta. Tive receio de ser uma venda casada forçada. Custou algo perto de 2 mil reais para nós dois. Achei exorbitante, mas, a outra opção era não fazer o que eu havia planejado fazer.

Na manhã seguinte estávamos no horário marcado no píer de Walvis Bay, que se encontrava cheio de turistas e todos os passeios saindo no mesmo horário. Embarcamos e saímos por volta das 8 da manhã. Foi o início do passeio mais legal do país.

O passeio mais legal do país

Todos os profissionais envolvidos, todos, eram incríveis. O passeio na embarcação começa com uma foca treinada que busca peixinhos lançados ao mar por um dos ajudantes no barco. Depois, são pássaros que vem buscá-los na mão do assistente. Num barco ao lado o cara agarrou um pelicano enorme no colo, abraçou-o e o soltou para abrir vôo. Eles pousam no barco, no banco dos passageiros, dão rasantes ao nosso lado. Muito, muito bonito.

Depois, anunciam a chegada de um estagiário, e, do nada, uma foca enorme sobe no barco, após abrirmos espaço para ela. Aprendemos sobre a pelagem, comportamento e vida do animal, tiramos selfies e tocamos nela. Por fim, ela recebe o pagamento e pula de volta na água. Eu não sabia que haveria isso no passeio.

Experimentamos uma bebida produzida ali, ouvimos sobre a economia e atividades da costa, passamos por um iate naufragado e chegamos à uma costa, repleta de lulas marinhas inofensivas. Ali fica uma colônia de focas.

Somos transportados para a areia. No meio do nada, banheiros separados, uma baia para cada turista se trocar, recipientes para guardar objetos pessoais, toalha, roupa impermeável, colete, cadeiras e um café da manhã. Serviram uma espécie de biscoito feito com massa de bolo e café com Amarula. Delicioso, repito essa combinação até hoje.

Embarcamos e saímos em duplas, remando em direção às focas. Cara, que negócio sensacional!!! É uma espécie de berçário e as mais jovens ficam ali curtindo as férias. Brincam o dia todo e os caiaques são uma atração pra elas. A foca é o cachorro caramelo do mar. Que bicho bonzinho! Elas vêm até nós, mordem o remo, puxam as cordinhas do colete, cheiram sua mão, dão voltas e pulam no caiaque. Sobem no seu colo, em você. Foi uma das coisas mais divertidas que já fiz em viagens, é legal demais. Dá vontade de passar o dia ali com elas.

Depois de vídeos, fotos e todo tipo de gritos de surpresa e risadas dos turistas, retornamos à terra e fomos levados pra uma tenda onde seria servido o almoço. Somos recebidos com champanhe, nos apresentam o chef, ele fala do cardápio (que incluía minha adorada carne de caça, salada de quinoa, massa, camarões, peixe e lagosta), com bebida à vontade – o valor pago foi me parecendo cada vez mais barato conforme o dia passava.

Tivemos a recepção de um guia no barco, depois outro nos recebeu para o caiaque, um terceiro nos acomodou para o almoço e, então, somos apresentados a um quarto guia, que nos levaria em carros 4×4 para Sandwich Harbour. O pacote desses passeios faz sentido porque todo o tour consiste num enorme arco pela região. Realizá-los separados me colocariam num desgastante vai-e-vem pelos mesmos caminhos por dois dias.

O cenário vai mudando bastante até chegarmos à região do deserto e iniciarmos um passeio no estilo buggy nas dunas do nordeste. É bem emocionante, as descidas e subidas são enormes e o visual do alto das dunas, nas paradas que fazemos, é surreal. Tanto pelo alto, pra ver quilômetros de costa quanto ao nível do mar quando as dunas erguem-se logo ao lado, imensas. Sandwich Harbour tem razão de ser a grande atração ali e, não por acaso, é o passeio mais caro ofertado, mesmo que isoladamente.

Ao fim do dia, ainda paramos pra ver uma colônia de flamingos, centenas deles, a poucos metros de distância. Pudemos apreciar o retorno para Swakopmund com naquele tom dourado do fim do dia e jantar algo exótico.

Valeu cada centavo, o pacote realmente era uma solução inteligente e não uma tentativa de superfaturarem comigo. A estrutura empregada e mantida pela agência é enorme, a equipe é numerosa e comprometida, a todo momento há algo pra beber e comer. Enchi um dia com memórias pra vida inteira.

Os três dias que escolhi passar nessa cidade foram ótimos, fizemos esportes, descansei, comi o que quis, gastei o tempo como queria, comprei meus presentes.

Um dia, se assim Deus quiser, voltarei. Se não, tudo bem também. Nunca mais essa cidade sairá da minha memória. Na manhã seguinte, recalibrei os pneus do carro – que eu havia enchido na chegada – voltaríamos para a estrada de terra, agora, para o terço final da viagem.

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Foto de BLOG VIAGEMLOGIA

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